quarta-feira, 27 de agosto de 2008

feito em casa

Tempos houve em que me sentava no quarto a gravar música e sentia uma espécie de vazio quando terminava. Tinha a sensação que gostava do que acabara de fazer, mas ao mesmo tempo tinha a consciência que não me seria possível editar esse trabalho. Não porque não acreditasse na minha música, mas porque a qualidade de som – principalmente – nunca o permitiria.

Sim, gravei uns quantos cd’s que tratei de enviar para os mais variados locais, que trataram de não lhe ligar nenhuma. Nem sequer me responderam a dizer que a minha música era boa ou má, ou para os deixar em paz. Naturalmente. Maioria das vezes, os lançamentos nem são baseados na música, mas sim num ou noutro “hype”, no “ouvi falar”. Não me queixo, eu faço a música que quero, quem edita tem também o direito de editar o que quer.

Acabei de gravar dois temas para um futuro lançamento, e o espírito é totalmente diferente. Tudo bem, sei que não vai ser a “next big thing” em lado algum, mas tenho agora a certeza que este trabalho vai ser editado. É uma ideia bastante reconfortante, saber que não se está a trabalhar num abismo em que a confiança no que se faz é a única coisa que ecoa. Há pessoas que se dão ao trabalho de ouvir aquilo que faço no meu quarto com condições ridículas de gravação, e é cada vez mais um orgulho que tal aconteça, considerando o número de edições, e que praticamente todas elas têm melhor qualidade de som.

As netlabels, para mim pessoalmente, foram aquilo que eu precisava na altura certa, e não tenho senão coisas boas para dizer sobre elas. As desvantagens são algumas, mas sobre isso falarei noutra altura. O primeiro texto deve ser positivo.

2 comentários:

Work Buy Consume Die disse...

Grande texto Daniel. Seria bom que muita gente o lê-se e, quem sabe, mostrasse a sua música.

João Nunes disse...

Antes de mais as boas vindas a este projecto. E faço minhas as palavras do work buy consume die. Há cada vez mais gente a aventurar-se a mostrar o que faz entre 4 paredes e ainda bem. É o lado bom da revolução tecnológica... a democratização no acesso à arte e as facilidades dos artistas em estabelecer canais de comunicação com o público.