terça-feira, 18 de novembro de 2008

“One Hundred Miles from Thoughtlessness” - noiserv (review

Apesar de não ser necessariamente uma edição estritamente direccionada para o sector do netaudio, o novo álbum de noiserv foi uma das grandes apostas da merzbau a nível promocional nos últimos tempos, sendo para quem não consome apenas o mainstream e tem a mente e os sentidos apurados para ouvir o que alguém possa ter para partilhar conosco a nivel musical um grande marco e ponto de referência - como tal não poderia deixar de divulgar uma review do álbum, quer pela forma como o tiago sousa da merzbau me cedeu gentilmente a promo para poder ouvir e saborear o primeiro longa duração de noiserv, quer pela grande dedicação e trabalho justo e sincero que noiserv teve a preparar este disco que me tem vindo a facultar bons momentos e estados de consciência/existenciais.

Posso dizer que um dos concertos que mais me marcou daquilo que tenho ido ver nos últimos 3 anos foi, sem dúvida, o concerto de noiserv no festival de música urbana de braga. Num contexto em que a maior parte das bandas não se enquadravam propriamente num circuito comercial necessariamente mainstream (sendo portanto, a maior parte delas desconhecidas injustamente do grande público, mas não da maior parte dos presentes), noiserv foi para mim um dos pontos mais altos do festival. Provavelmente a melhor banda portuguesa (neste caso reduzida a uma pessoa naquilo que conhecemos como one man band show) presente no festival, o concerto de noiserv foi uma agradável surpresa, a quem nunca tinha dado muita atenção mas que nos últimos dias tem sido uma rotina quase diária de escuta principalmente a faixa 7, buletts on parade do lp “One Hundred Miles from Thoughtlessness”  que se não me engano tem sido ultimamente o single de apresentação do álbum, e que tem emergido de forma merecida nas playlists de algumas rádios que ainda passam boa música, mas que não encerra necessariamente tudo aquilo de bom que este registo tem para nos oferecer.

Passando a falar do álbum, grande parte dele já presente no dito concerto, a simplicidade com que linhas simples mas bem construídas se vão sobrepondo num disco marcado por uma capacidade de tocar uma pessoa minimamente sensível que o possa ouvir, sendo mesmo quase capaz de deixar uma pessoa em extase emocional ao fim de algum tempo a ouvi-lo sequencialmente. Uma boa maneira de tomar contacto com uma realidade pessoal exposta de forma bastante intimista e autêntica que faz lembrar de sobre maneira o discurso musical de musicos bandas e projectos como air, blur, pj harvey, jeff buckley (partindo de algumas das influências referidas do myspace do musico, e que a mim me fazem lembrar bastante trabalhos de magnetic fields, radiohead, david sylvian, sigur rós e perry perry blake, não necessariamenente na forma como o discurso o discurso musical se encontra organizado e como o conteúdo estético da música nos é apresentado, ja que tamos perante um contínuo harmónico de carácter minimal que pode eventualmente remeter para uma textura tipo monodia acompanhada (ou pelo menos algo próximo disso), mas sim mais na forma como a musica dos projectos referidos pode conseguir tocar alguém.

Sim, acho que a forma como o universo pessoal de noiserv é exposto na música do mesmo, e a autenticidade e simplicidade com que este é feito, aliado a um bom gosto, pode facilmente contribuir para que este seja considerado como um dos melhores registos de 2008, a meu ver apenas igualado por bandas como peixe:avião ou os the portugals, que são para mim alguns dos pontos altos a nível de lançamentos no sector discográfico português de 2008, e que são uma das maiores provas de que consumir hoje em dia música de grande qualidade, já não implica consumir apenas músicas de editoras que dominavam o mercado há uns anos atrás como a virgin records ou a nonesuch records, sony, bmg, emi, warner brothers, etc. e que às vezes a partir de pressupostos simples é possível fazer-se música que se houvesse o minimo  de decencia por parte de quem divulga e promove a música cá em portugal, poderiam perfeitamente chegar ao grande público e marcar profundamente a história da música portuguesa (não sei se contudo o deixam de fazer, pelo menos para algumas pessoas).

Sem comentários: